"The successor to politics will be propaganda. Propaganda, not in the sense of a message or ideology, but as the impact of the whole technology of the times."
Marshal McLuhan

domingo

Período de reflexão (para votar em consciência)

Timothy Leary fez (no seu “Neuropolitique”) uma pergunta fundamental: ”de súbito, KAZAM!, estamos diante do disco voador e da Grande Inteligência e que temos nós a perguntar-lhe?”
É como esfregar a lâmpada mágica… já pensou nos três desejos a solicitar ao génio? Porque faz pouco sentido andar a esfregar lâmpadas ou a escutar sinais de rádio no espaço profundo, se não estivermos preparados para fazer as três perguntas. Pense um pouco nisto antes de continuar a ler.
É bom lembrar o aforismo de John Perry Barlow: “o melhor modo de inventar o futuro é predizê-lo”. São isso as profecias. Espero que pelo menos duas não estejam correctas: o apocalipse e o hitch hickers guide to the galaxy. Ambas resultam no mesmo ainda que com cinco segundos de diferença. E o planeta desaparecerá para dar lugar à enorme IC19 transgalática. O que assim sendo pode, até certo ponto, explicar o fenómeno de Roswell e a famosa escola de condução de discos voadores, Área 51. Que outra explicação existirá para a quantidade de naves sinistradas numa cultura que se crê intelectualmente e tecnologicamente superior? Os tipos não saberão o que é o piloto automático? E os sinais de trânsito, serão realmente universais? Se eu pudesse escolher o planeta onde vivesse, escolheria uma enorme esfera de oceano vermelho com um continente rectangular, fino e branco ao centro. Sentido proibido. Vão chatear outro. Arranjem outro sítio para construir a vossa auto-estrada.
Tony – na história de Leary – tinha três perguntas para a Grande Inteligência:

a) Como chegou aqui?

b) Tem bombas atómicas e está a pensar usá-las em nós?
c)Cristo vai regressar para nos salvar?

E as respostas foram:

a) Viajam instantaneamente pela nossa galáxia a velocidades superiores à da luz (método que vão ensinar aos nossos físicos quânticos).

b) Têm energia nuclear e muitas outras, mais poderosas, mas só as utilizam para curar e ajudar. Não há nada a temer.
c) Nada de especial acontece na atmosfera pantanosa de um planeta e o melhor seria utilizar os nossos conhecimentos científicos para tentarmos juntar-nos a eles “lá em cima”. E lembraram que Cristo disse que o nosso reino não era deste mundo.
Mas pelo sim, pelo não, tenho aqui a minha toalha ao lado do teclado. Se Deus joga aos dados, nunca se sabe quando poderá Ele perder. Com Sodoma foi brando, mas pode ser que esteja um pouco mais chateado se a coisa acontecer em Las Vegas. Tragam os bulldozer! Arrasem-me isto! Ponham ali um sinal de trânsito!
Eu também tenho três perguntas para a Grande Inteligência:
o que pensa dos “Ficheiros Secretos”?
O VISA é válido noutras galáxias?
Como é que eu recebo o meu correio electrónico viajando a velocidades superiores à da luz?
Se os discos voadores forem realmente resultado de uma tecnologia superior, desenganem-se de todo. A Terra será apenas mais um mercado e afinal nós nem sequer tinhamos raspado a verdadeira abrangência da Aldeia Global. Na pior das hipóteses, poderemos ser uma mina de matéria-prima com mão-de-obra barata ou mesmo escravizada. É pouco provável, contudo, que os extraterrestres se alimentem de nós. Sofreriam certamente um embargo, devido à quantidade de toxinas, drogas, vírus e outras contaminações piores que a BSE. Quando alguém se dirigir a você e lhe disser: “eu venho eu paz”, pegue no telemóvel e avise os serviços de imigração. Pelo sim, pelo não.
O programa tecnológico é, invariavelmente, imperalista. Não creio que exista idiossincracia tão distinta da molécula de carbono que produza uma tecnologia doutro sentido. Mas podem não ser visitantes tecnológicos. Podem ser anjos, viajantes inter-dimensionais. Ou apenas visões lisérgicas, o que é o mais provável. Não que seja de dispensar a ideia de vida inteligente lá fora, muito embora a lei das probabilidades não me pareça coisa de fiar. No caos absoluto que realmente é, a probabilidade é algo que não faz sentido. E se estivermos sós? O que é que realmente muda, nas nossas vidas e na História, se estivermos sós?